sobre deus (a)

Troco mensagens de áudio com uma amiga radicada nos EUA. É o mais próximo da caixa postal ou da secretária eletrônica antiga que eu adorava. Chegava em casa e ia direto ver se tinha algum recado. 
Mas bem, trocamos figurinhas virtuais e atualizamos a vida por ali.
Hoje ela me perguntou sobre como eu comecei meu caminho espiritual, pois essa é uma questão pra ela faz um tempo. 
Essa questão chegou pra mim criança. Fui criada pelas tias e avó paterna para ser católica, chegaram até a me batizar contra vontade de minha mãe, mas família é pra isso, né, pra causar. rs. Pra se meter na sua vida a ponto de você querer morar na lua.
Nunca entendi aquele Jesus pelado esquelético de tapa sexo na cruz com o sangue escorrendo na testa. Que coisa mais filme de terror. Fora a culpa. A merda da culpa que fodeu os países latinos para sempre. Uma de minhas teorias é que um dos causadores dessa miséria da américa latina é a igreja católica. Isso é tema pra outro post.
Então eu entrei por livre e espontânea vontade na Assembleia de Deus aos 11 anos e fui arrancada do culto pelo meu pai que não admitia ter filha crente. De qualquer forma eu não conseguiria frequentar um lugar que controlasse minhas roupas, aquele negócio de usar saia nunca foi pra mim. 
Mesmo assim eu me engajei nas leituras bíblicas por conta e fui seguindo João, Matheus e alguns outros livros. Aprendi muito. As religiões tem coisas preciosas, o problema é a instituição e o ego dos líderes deturpando as coisas.
Com uns 15 anos escutei falar de Deus de uma forma que me tirou do chão. Foi da boca da primeira mulher que beijei. Ela era espírita e foi me introduzindo os conceitos de uma forma que nunca ninguém tinha conseguido. Acho que me apaixonei por ela mais por conta disso até, pela mágica das coisas do outro mundo.
Aos 20 minha turma de filosofia no bar se converteu ao umbandismo e lá fui eu. Entrei a primeira vez não botando a menor fé até que eu vi o caboclo de frente e entendi que não tinha como não ser uma entidade baixada ali na minha frente. Fui algumas vezes, adorei as músicas, dancei, comi e fiz até os banhos de ervas que me pediram, mas sentia falta da parte escrita para eu poder ler em casa.
Depois tive um caso com uma budista que me levou pra um retiro de silêncio de um dia num templo chinês aqui em SP. Pronto, aquilo sim mexeu comigo. 24h sem poder falar ou trocar olhares, palestras, meditação andando e sentada e aquela dieta super restrita. Me encontrei. Eu gosto do silêncio, do minimalismo e da filosofia da mente. Sem culpas, sem castigos, sem controle sobre suas ações. Cada um por si. Cada um sabe de si e decide que karma quer acumular. 
Especialmente nos últimos dois anos tenho estudado mais a fundo a filosofia espírita e feito algumas meditações. Aberto meu peito para exercer a compaixão e aceitação. 
O budismo tem me feito grande e em paz. No fundo creio que sempre tive a linha de raciocínio deles sem ter conhecido de fato.
Esse ano conheci Spinoza que afirma que tudo é deus. Da xícara de café à maçaneta contém deus, é deus por si só. Ainda não compreendi esse conceito de Spinoza, mas uma hora encaixa.
 Aí vem Nietzsche e mata Deus e os sacerdotes, vixe, aí é punk e me convenceu também. Segundo ele, só os fracos precisam de um deus. O homem ativo se basta. 
Nos bastamos? 
Dizem que com uma arma na cabeça todo mundo acredita em deus.

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